É um facto: tenho andado com uma disposição de rato de esgoto. Mal me apetece sair de casa, estive doente depois da Páscoa, o que significou hoje passar todo o dia de cama. E a juntar a isso há uma coisa a fazer-me espécie e a incomodar-me, coisa essa que eu tento ignorar, mas está lá. A minha amiga Joana diz que eu agora jogo à defesa e que esse é que é o problema, mas está-me a parecer que o mais certo é nem sequer ir a jogo. E basicamente andamos as duas a discutir isto: ela - uma otimista de todo o tamanho, que diz "vai, "amanda-te" que se correr mal a gente resolve como sempre"; eu - uma pessimista de todo o tamanho, com o "não faço, não digo, não falo, não pergunto, não mexo uma palha" na ponta da língua já em modo automático que isto de uma pessoa ter andado a levar pancada durante meses parecendo que não é coisa pra deixar mossa e para ter os pés demasiado presos ao chão. Foi nessa pessoa que eu me tornei, na que tem os pés tão no chão que qualquer tentativa de levantar voo é imediatamente frustrada.
E a minha amiga Joana, filha da mãe da Joana, a quilómetros de distância e a apanhar com a neve na Alemanha, é das minhas poucas amigas que me põe de uma forma muito subtil entre a espada e a parede e me obriga a fazer uma das coisas que me assustam mais, o "deita cá pra fora". E depois ainda me diz "AHAHAHAH EU SABIA!!!". A mulher mexe-me com o sistema, mete-me coisas na cabeça, aquelas cenas otimistas que as pessoas otimistas pensam e fazem - que é o caso dela. E depois eu fico com ideias. E a filha da mãe da Joana que a quilómetros de distância me pergunta "estás bem?" e se eu disser "sim, muito trabalho" me responde imediato "oh...o que é que se passa? Já estás a evitar as coisas". E é também por isso que eu gosto da minha amiga Joana, a que passa a vida a tirar-me da minha zona de conforto. Porque isso sabe bem e é o oposto
de mim. E talvez me faça ir e ver o que é. Só que isso ainda não lhe disse.
Sem comentários:
Enviar um comentário