Eu guardo tudo. Desde bilhetes de concertos, cinema, teatro, exposições a pulseiras de discoteca, a postais, guardanapos com desenhos passando ainda por coisinhas que me deram, bonequinhos, dedicatórias do secundário (as famosas!), cartas, folhas secas, cartões, conversas em aula, fotos...enfim. 3 caixas não me chegam pra tudo e ao longo do tempo já fui deitando algumas coisas fora - porque já não tinham importância. Entretanto veio a internet e há muita coisa que nos escrevem e que nos dizem todos os dias. E há coisas que se guardam. E hoje foi um daqueles dias de abrir ficheiros. E foi muito estranho voltar a rir-me daquelas coisas. É sempre disto que eu falo quando me perguntam de que é que mais gosto. Ri-me como se nem sequer me lembrasse daquelas palavras. E entretanto apareceram as outras sem eu contar - porque na minha cabeça elas estão em fragmentos dispersos - e, da mesma maneira que me ri, com aquele choque inesperado acabei por chorar. Sem sequer contar. Sem sequer pensar que isso ainda era possível. E no fundo ando a mastigar o tempo sem o digerir. A enrolá-lo, e tentar trapaceá-lo - sem sucesso. No fundo estou a andar aos círculos. Sempre aos círculos. Not fair. Not funny. Ou então a fugir. E isto é zona de conforto. Sempre a adiar a fuga desta trajetória.
"Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã..."
Álvaro de Campos (excerto)
1 comentário:
tão bom encontrar coisas que um dia nos fizeram felizes :(
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