Confesso: nestes últimos dois meses, a noção de tempo tem-me feito muita confusão. Todos os dias me faz confusão. Porque o meu tempo é contado. É acordar com os passarinhos depois de, por vezes, adormecer e acordar para me deitar duas horas depois porque sim e é...assim. Faculdade durante 10/12 horas, almoço engolido à pressa em 10 minutos, algumas vezes numa hora porque há conversa e riso pelo meio, 20 minutos de trânsito na Ponte da Arrábida, jantar em 30 minutos, duas horas para ler o artigo, o livro, as fotocópias, passar aulas. Mais 20 minutos de banho que eu sou filha de Deus e Ele perdoa-me pela água que eu gasto, mas de facto os meus ombros e a minha nuca estão carregados de tensão que precisa de ser aliviada. Já que nunca mais fui ao Pedro-massagista-do-ginásio (outra história para contar!), que não há um McDreamy à mão de semear pra me tratar da saúde (Ups, fica tudo na Medicina!), isto tem mesmo de ser com água quente e cremezinho.
Mais 30 minutos pra cabelo, cremes, vestir. Meter-me na cama e saber que vou ficar acordada 5 minutos, que vou adormecer e acordar porque o sono é inquieto e o tempo para ele já é escasso. E 2 horas de aulas, 5 minutos para lanchar às terças e quintas; 2horas à sexta até a minha mãe chegar para me ir buscar e aproveitá-las para passar coisas a limpo ou meter-me na biblioteca ou ler ou sublinhar ou...!
O fim-de-semana com as suas...60 horas, vá. Sexta-feira dormir 12 horas e acordar sábado às 14h. Sair no sábado à noite e chegar a casa às 7.30 da manhã com dores nos pés porque tenho tido a brilhante ideia de me mandar para os paralelos do Porto ou com sapato de cunha ou então, como obrigou o vestidinho do último fim-de-semana, a uns peep-toes verdes de 12cm.
Dormir no domingo de manhã, consumir séries alarvemente ao domingo à tarde.
E, mesmo assim, com tanto livro (alguns deles com tanto pó que são dignos de provocar alergia a quem não a tem!) arranjo sempre tempo para o resto, para a conversa e o riso com os amigos, para uma saída a meio da semana mesmo que ande o resto dela a morrer de cansaço, para um fino na casa Agrícola para debitar (des)conhecimento sobre o mundo masculino com a Carol, para umas compras com a A. e a
Miss Bright Side, para as 3 ou 4 chamadas que a J. me faz diariamente (mais coisa menos coisa), para dois dedos de conversa com a T., para uma conferência com o Mundo, para ir ao teatro (Antígona, brevemente tecerei as considerações a nível do gosto) ou sentar-me na relva da faculdade a rir (e a trabalhar, ora essa), pra me meter em projectos que vão durar até para o ano.
E sim, no meio disto tudo, ainda arranjo tempo para ti.