segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Momento de poesia

Iremos juntos separados,
as palavras mordidas uma a uma,
taciturnas, cintilantes
- ó meu amor, constelação de bruma,
ombro dos meus braços hesitantes!
Esquecidos, lembrados, repetidos
na boca dos amantes que se beijam
no alto dos navios;
desfeitos ambos, ambos inteiros,
no rastro dos peixes luminosos,
afogados na voz dos marinheiros.



Eugénio de Andrade

1 comentário:

goldenlight disse...

A que se deve esse... momento de poesia?
"Iremos juntos separados": parece-me que é o que sempre acaba por acontecer.