Nos próximos dias estou aqui. É sempre bom voltar.

Felizmente não tenho quase dor nenhuma. Volta e meia lá sinto umas picadas, a mão fica dormente, tem muita pressão. Os comprimidos são fortes, disse-me a farmacêutica. Mas...têm efeitos secundários. E aquela percentagem pequenina do folheto tinha de me acontecer: que bom ter erupções cutâneas e urticária (ainda que seja uma coisa levezinha).

Lucky day

A minha semana começou da pior maneira possível: tive um acidente e parti o dedo. E foi um dia de muita, muita sorte por estar inteira tendo em conta o aparato da coisa, o barulho, a violência do embate, o estado do carro. E uma merda destas deixa-nos a pensar na vida, no que é importante, em quem é importante. Pensei, no momento em que o carro escapou do meu controlo - porque a estrada estava cheia de gasóleo e molhada - que não ia sobreviver e que me ia espatifar toda ali. Se o carro não fosse tão bom e se o airbag não tivesse funcionado, depois de piões em plena autoestrada, não tinha sido só uma falange partida, mas eu aos pedaços. Fora isto, lábio rebentado e dores na cara por causa do airbag, nada de dores por causa do cinto. E um susto enorme que me fez repensar em tudo, tudo. E que  as coisas boas e novas não merecem a minha  atenção porque não souberam estar quando foi preciso. E que agora, apesar disto, é preciso continuar e não parar, continuar a fazer o que foi planeado e adaptar-me. Mas é difícil: a minha mão direita praticamente não faz nada. Não escrevo, não consigo cortar a comida, maquilhar os olhos, pentear-me, tomar banho, pegar em alguns objetos sozinha. Não tenho posição pra dormir, não durmo seguido nem bem. Mas consigo pôr brincos, puxar as orelhas à cama, sublinhar e escrever mal e em tamanho XXL com a esquerda, escrever aqui (apesar de demorar horas), vestir-me. E não é nada mau. Tive tanta, mas tanta sorte! 

Saber que se esqueceu é... - III

...ler as mensagens religiosamente guardadas há anos pela última vez e apagá-las do telemóvel.

Saber que se esqueceu é... - II

...estar a organizar pastas de fotos no computador, dar de caras com as que copiei do facebook e eliminá-las. E ir à reciclagem a seguir e, sem sequer pestanejar, clicar em "eliminar todos os itens". Sem backups. 

Momentos WTF

 Há poucos minutos senti a minha inteligência a ser sugada. E isto porquê? Porque um ex de há 500 anos, depois de toda a porcaria que me fez na época, achou por bem ver se a coisa ainda dá. Na cabeça dele, eu já me esqueci de tudo. Só que Infelizmente (para ele), eu estou a adorar (payback's a bitch) que ele meta conversa e que diga que se lembra de me ver na Queima e que me faça o filme. - na cabeça dele vai funcionar. E perguntem-me: de que é que a criatura se lembra e acha que é uma memória que eventualmente despoletará alguma coisa em mim? Este imbecil lembra-se do momento em que o R. me puxou a camisola e me virou uma cerveja em cima. E a conversa dele não passa disto: ou porque se lembra desse momento - aliás, já me falou disso 4 ou 5 vezes - ou porque me viu e gostou muito do meu vestido (todo um fashion advisor que se está a perder ali...!Senhores do Pt Fashion, atentai na criatura!) e achou por bem dizer-me, ou porque diz que se vai deitar e que a noite é uma criança. Sim, isto aconteceu. Não adiantou que eu tivesse dito "eu estou a trabalhar na tese" ou "eu estou a ler" a ver se a conversa acabava, mas não me parece. E se eu não respondo lá toca o chat com um smile e novamente sinto a inteligência a esvair-se lentamente - talvez por solidariedade com a dele, não sei. Como eu não respondi mudou o assunto e agora quer uma sugestão de filme. Pffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff!

Novidades do pequeno reino

-Grego clássico é giro. Só vou fazer o I porque não há tempo para mais, mas é preciso estudar e decorar.

-A tese vai andando, ainda em fase de leituras, mas já aprendi tanta coisa! A propósito, fica aqui a sugestão de leitura de As Máscaras de Salazar, de Fernando Dacosta. É muito muito bom.

-Os meus horários estão totalmente trocados: segundas e quintas são dias bons, nos outros é o descalabro. A única coisa que compensa é ler madrugada fora.

-As novas temporadas das 350 mil séries que sigo estão espetaculares: estou farta de chorar com Downton Abbey e Grey's Anatomy; Private Practice está muito bom, 2 Broke Girls e The Mindy Project são de chorar a rir; no Castle, finalmente eles estão juntos (foram precisas 4 temporadas inteirinhas, valha-me deus); Gossip Girl: é bom que seja a última temporada que aquilo já está a dar demasiadas voltas. Ah! E Arrow, que só tem um episódio e é brutal. Sugeri ao P., ele adorou! E por culpa da Sophia vou começar a ver Chicago Fire (eheheh).

-Só me apetece beber chá, chá e mais chá e enrolar-me na manta como se fosse um urso. E se chover ainda pior que só me apetece dormir. 

-Compras: preciso urgentemente de fazer que há coisinhas em falta, nomeadamente botinhas pretas sem salto. Reparei que a grande parte dos meus sapatos e botas de inverno tem salto e há dias (noites, vá!) em que convém ir pra Baixa com uma coisa confortável.

-Nas próximas duas semanas há trabalho para adiantar. No fim de outubro vou uns dias para Coimbra (ironic, isn't it?) trabalhar e ver duas defesas de teses e venho mesmo a tempo da festa de Halloween. E ainda não tenho máscara. No entanto, enquanto procurava alguma coisa, encontrei uma pulseira que supostamente é para usar nesta festividade, mas que é tendência da estação: uma preta com tachas. Escusado será dizer que tive de a trazer.

-As coisas boas continuam boas (pra já e até ver). E eu estou feliz. (é melhor dizer baixinho pra não estragar)

Saber que se esqueceu definitivamente é ouvir *a* música na rádio, não mudar de estação e cantá-la sem problema nenhum. 

Das mudanças

10 meses depois da minha resolução de ano novo, finalmente percebi que se realizou. E nada me podia ter feito melhor: descobrir que aquele amor ficou e está definitivamente na caixa, sossegadinho, que não é para ser mexido, só recordado pelas coisas boas que trouxe. Descobri que muito pouco me faz confusão, que não fico sobressaltada (no more butterflies), nem nervosa, nem nada.  E é bom estar assim feliz, já não me lembrava de como era não ter um peso enorme sobre os ombros. Era terrível aquela ansiedade de não saber para onde me virar, o que poderia querer dizer a situação X, a conversa Y. Demorou o tempo que tinha que demorar - afinal de contas, foi, um dia, um sentimento forte e bonito e hoje consigo olhá-lo com carinho e um sorriso. 

E *coisas novas* chegaram sem eu estar à espera. Como eu tenho dito ao F., primeiro há que encarar as coisas com descontração, sem esperar nada. E é assim que eu estou: não espero nada, o que vier é bom. Até agora foi e está a ser, mas amanhã não sei que isto na minha vida muda radicalmente da noite pro dia. Mas... tudo tranquilo, sem problema, se continuar ótimo, se não der em nada ninguém morre nem ninguém chora: digere e passa.  

Já a pensar no outono...

Quando eu disser que alguma coisa é difícil...

...lembrem-me da poética de João Cabral de Melo Neto. 10 páginas escritas, revistas e tudo e tudo. Nem acredito que vou ter tempo de dormir.